Outubro 18, 2017
Comunicado de Imprensa sobre os incêndios de meados de Outubro
TUDO TEM UM CUSTO E A INCÚRIA NÃO PERDOA.
A Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas (APAP) apresenta as mais profundas condolências às famílias das vítimas dos incêndios de 14 e 15 de Outubro, solidariza-se com todos aqueles que se empenham em construir uma Nova Floresta em Portugal e torna pública, mais uma vez, a sua consternação face às perdas humanas e ao custo ambiental e económico a que a incúria do Estado Português conduziu nas últimas décadas.
Quase tudo o que foi assumido pela APAP no seguimento da tragédia de Junho poderia aplicar-se ao que aconteceu nos incêndios do passado fim-de-semana, em meados de Outubro. A principal diferença é que agora é tudo Mais e Maior. Portugal é o país com Mais área ardida da União Europeia (cerca de 300.000 hectares), são Mais perdas de vidas (Mais de 100 mortos e Mais de 300 feridos), é Maior o pesar e a indignação por se terem deixado chegar as coisas a este ponto e, sobretudo, é Maior a vergonha, por continuarmos a não ser capazes de articular o que é básico para assegurar o que é essencial – a Vida das Pessoas.
- Em 21 de Junho de 2017, a APAP posicionou-se face à Tragédia de Pedrogão Grande; https://apap.pt/wpcontent/uploads/2017/09/127817_7edb2035c830437ba7f6636debb493ff.pdf
- No seguimento destes acontecimentos a APAP lançou a campanha ‘Arquitectos Paisagistas por uma Nova Floresta em Portugal; https://apap.pt/arquitectos-paisagistas-por-uma-nova-floresta-em-portugal/
- Para fazer saber a sua posição junto da Comissão Técnica sobre incêndios, a APAP emitiu um Parecer; https://apap.pt/wpcontent/uploads/2017/09/127817_e7eb6f9af984418a8c8ed17a3627a0e9.pdf
- Em 11 de Setembro a APAP, em audiência com o Senhor Ministro do Ambiente, deu a conhecer a sua posição e apresentou propostas de actuação;
- Em 17 de Outubro a APAP enviou um Parecer sobre o Programa de Revitalização do Pinhal Interior.
Perante as consequências de tais princípios não terem sido, até agora, suficientemente valorizados, é entendimento da APAP que há medidas imediatas que devem ser tomadas:
- O Estado tem o dever de assegurar um ordenamento territorial baseado nas aptidões ecológicas e nas vocações culturais para um desenvolvimento económico e social dinâmico e duradouro.
- O Estado, através da implementação da Estratégia Florestal Nacional, deve valorizar a gestão florestal para a prevenção e pagar antecipadamente os serviços dos ecossistemas. É um empréstimo do país às áreas rurais, em particular às recentemente ardidas, o que deverá ser contemplado já no OE2018;
- O Estado deve criar um corpo profissional para assegurar a proteção das populações e dos seus bens, com diferentes especializações, que integre a prevenção e o combate;
- O Estado deve promover, com carácter de urgência, uma campanha de ‘Prevenção da Floresta’ tendo por base a educação para uma Cultura de Território e de Paisagem e, em simultâneo, definir e assegurar os mecanismos sancionatórios apropriados.
A APAP participa activamente na Alteração do Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território em curso, chama a atenção para a existência da Política Nacional de Arquitectura e Paisagem aprovada em 2015, como uma oportunidade de mudança de paradigma, transmite aos actuais governantes e à Assembleia da República os princípios inerentes à sua actuação profissional e cívica.
No próximo dia 4 de Novembro, a APAP organiza uma visita de campo ao centro do país para debate e reflexão sobre o flagelo dos incêndios florestais e rurais – Por uma Nova Floresta em Portugal, por considerar ser este o maior desígnio nacional na actualidade.
Todos somos poucos.
Todos são bem-vindos.
Mais informação a anunciar em breve: https://apap.pt/arquitectos-paisagistas-por-uma-nova-floresta-em-portugal/
Conselho Geral da APAP
18 de Outubro 2017