A Associação Italiana de Arquitectura Paisagista (AIAPP – Associazione Italiana di Architettura del Paesaggio) irá receber a Assembleia Geral da IFLA Europa, de 13 a 15 de Outubro, que está a ser organizada em conjunto com a Conferência Internacional da AIAPP sobre o tema ‘Paisagens Perdidas’, a realizar-se de 12 a 13 de Outubro de 2023.

‘Paisagens Perdidas’ é o tema da conferência e é também o foco da reflexão dos diferentes países europeus da IFLA Europe pela apresentação dos seus Delegados na forma de Pecha Kucha na abertura da Assembleia Geral da IFLA Europa.

A AIAPP aproveita para lançar um Concurso de PESQUISA & PROJETOS que pretende investigar o tema ‘Paisagens Perdidas’ através de uma pluralidade de olhares, todos eles remetidos à Paisagem como agente decisivo na reconstrução do sentido e valor da nossa relação com a Terra.

A Chamada a Submissão de Papers de Investigação e de Projectos está aberta à mais ampla diversidade de abordagens e experiências em todas as escalas. Serão aceites projectos, elaborações, investigações e estudos que pesquisem ou interpretem o tema de acordo com o esquema a seguir. O prazo para submissão de candidaturas termina a 3 de Março de 2023.

 

PAISAGENS PERDIDAS
“As coisas mudam tão rápido que nos é difícil acompanhá-las.” Bruno Latour

Olhando para a transformação das paisagens nos últimos anos, não podemos ignorar como a velocidade da dinâmica que a provocou está a sofrer uma nova e forte aceleração.

Cientistas, investigadores e estudiosos descrevem o mundo actual como um mundo fora de controle, onde crises ambientais, económicas e de identidade estão interligadas; embora as suas dimensões sejam globais, são apercebidas localmente, afectando profundamente os lugares e as paisagens que as expressam.

As paisagens, como se sabe, estão em constante evolução. No entanto, por vezes, tais transformações ocorrem de forma imprópria – apesar de suas regras constitutivas, de forma homogeneizadora, causando rasgos e cicatrizes inconsistentes – de modo que perdem sua reconhecibilidade. “Perdemos nossas paisagens?” pergunta o filósofo Venturi Ferriolo. Esta questão não é trivial, e não é tão importante respondê-la, mas desencadear novas acções e processos para “(…) salvar especificidades locais, muitas vezes já não reconhecíveis o suficiente para reivindicar uma identidade moribunda”. (M. Venturi Ferriolo, Paisagens em movimento: por uma estética da transformação, 2016).

O problema da identidade é crucial: não há uma identidade única para uma paisagem, mas múltiplas, e estas estão ligadas à percepção social. Além disso, o que consideramos identidade é muitas vezes o resultado de um processo de ‘filiação reversa’, pelo qual “(…) não é o passado que produz o presente, mas o presente que molda o seu passado”. (M. Bettini, Você pegou a floresta errada. A fúria da identidade, 2020).

A paisagem é a “porta” para entrar naquela dimensão em que a memória e a imaginação se encontram para dar origem a algo novo: um processo de design que se alimenta de uma “memória operacional” (ver. ‘Paisagens Perdidas’) para alimentar a sua natureza performativa, longe de saudade e lamento do que se perdeu.

Abrir uma reflexão sobre como as paisagens se transformam ou se transformam em outra coisa, cortando o fio que as liga à sua origem, abrindo mão de algo, perdendo personagens e significados e, às vezes, adquirindo novos, implica a necessária consideração da arquitectura paisagista como a atitude de projecto mais capaz de interpretar as condições do “habitat contemporâneo”.

A Arquitectura Paisagista deve tornar-se o divisor de águas, essencial não só para consolidar, reconstruir e praticamente conformar os sistemas ecológicos da Terra, mas também para contribuir decisivamente para a transformação da forma como habitamos, produzimos e percorremos as nossas paisagens.

A sua tarefa é intermediar entre natureza e cultura, entre inovação tecnológica, imaginação ecológica e poética, para desempenhar um papel decisivo na reconstrução do significado e valor de nossa relação com a Terra.

A Arquitectura Paisagista é uma prática crítica, uma condição em que o desenho se torna acção; é uma forma de pensar e agir combinada. Expressa uma competência profissional capaz de re-desenvolver ambientes de vida por meio de processos transicionais complexos.

Cabe aos Arquitectos Paisagistas conduzir uma acção de verdade, para resgatar a questão do projecto com plena consciência de cada um dos seus aspectos: configurativo, social e ambiental.

O campo de acção do projecto paisagístico diz respeito cada vez mais às paisagens do quotidiano. Aqueles onde as comunidades vivem, trabalham e transitam. As paisagens onde é necessário metabolizar grandes transformações induzidas pelo homem, incluindo aquelas relacionadas a problemas ambientais emergentes.

A conferência ‘Paisagens Perdidas’ pretende activar uma mesa de discussão em que pontos de vista, linhas de pesquisa e práticas da arquitectura paisagista possam se confrontar em torno de certas potencialidades do projecto que se põem em tensão com três áreas temáticas, mas também aquelas paisagens que têm a característica de não serem identificadas por conotações geográficas ou tipológicas precisas.

 

CHAMADA A SUBMISSÕES

A chamada está dividida em três seções temáticas:

1) Paisagens Habitadas
Habita-se uma paisagem quando se participa das trocas que a tornam intensiva. Há uma ambiguidade fundamental e fértil nas paisagens habitadas. Essa ambiguidade reside na dimensão suspensa entre cidade e campo, urbanidade e sertão. Trata-se de novas características, não mais rurais ou naturais, mas também não propriamente urbanas, marcadas por uma alternância, uma sobreposição e, sobretudo, uma co-presença inconsistente desses estados.

É sobre essas questões que a atitude contemporânea da paisagem revela seu potencial através do poder de reescrever, de actuar em redes por pontos e sistemas, de assumir a incompletude e a descontinuidade como parte do resultado.

Esses contextos muitas vezes se tornam “reservas” de biodiversidade e (considerando os novos desafios climáticos e sociais) podem estimular uma nova consideração dos espaços abertos da cidade, não mais vistos como fragmentos, mas como um ‘sistema’, significativo e significativo no contexto metropolitano e escala territorial, à espera de novas oportunidades de reconhecimento,
revitalização e regeneração que podem surgir de estratégias integradas de preservação, gestão e inovação.

Palavras-chave: Urbanidade, Interior, Adaptação Performativa (Urbanity, Inland, Performative Adaptation)

2) Paisagens de Produção
Um objectivo importante do Arquitecto Paisagista é projectar paisagens produtivas que sejam resilientes e capazes de fornecer o maior número possível de serviços ecossistémicos, começando pela colaboração com os actores que as implementarão, em primeiro lugar as comunidades que ali vivem e produzem. Tal complexidade não pode ser resolvida simplesmente substituindo uma paisagem pré-existente, como a paisagem rural, por uma paisagem monofuncional, como a agroindustrial, ou turismo de massa ou paisagens energéticas. Até porque sempre que fortes interesses económicos afectaram as zonas rurais, as comunidades afastaram-se delas, e com elas os conhecimentos, materiais, culturas e laços ancestrais que originaram aquelas mesmas paisagens. Como, então, podemos introduzir inovações sem despovoar e causar desertificação, mas, ao contrário, vivificá-la com novas funções?

Palavras-chave: Agroecologia, Energia, Comunidade (Agroecology, Energy, Community)

3) Paisagens de Travessia
A paisagem é estruturada por redes e relações ecológicas, de infraestructuras, de assentamento, de percepção, sociais e económicas. Ligações que não são apenas físicas, mas também intangíveis, evidenciadas não só no presente mas também como vestígios de uma memória que se projecta no futuro. Redes que atravessam e descrevem paisagens, ligando lugares de vida (estradas e percursos de mobilidade suave, ‘greenways’, ‘blueways’, etc.), cuja dimensão intangível é a poética “chave” do desenho para criar novas formas de disfrute activo e dinâmico da paisagem (i.e. rotas do vinho e do sabor, roteiros histórico-culturais, etc.).

O projecto de design do cruzamento de paisagens e o projecto de design das paisagens cruzadas, tornam-se uma narrativa única que conecta histórias e geografias. As paisagens de travessia são os lugares onde se manifesta o valor material e táctil das relações, mas que também emergem pela sua capacidade de narrar o espaço e o tempo, testemunhando a centralidade do desenho paisagístico para a construção de uma narrativa contemporânea que mantenha um fio condutor com o passado.

Palavras-chave: Em movimento, Cruzamento-Cruzado, Narrativa, Estórias e História (In Motion, Crossed-Crossing, Storytelling)

 

PARTICIPANTES
A submissão de papers de investigação e de projectos está aberta a Arquitectos Paisagistas, alunos do último ano de licenciatura, mestrado ou pós-graduação de cursos relacionados à arquitectura paisagista, académicos e investigadores.

Uma comissão de revisores avaliará as diversas propostas para selecção de trabalhos na conferência e para participação em uma seção de pósteres.

 

REQUISITOS PARA PARTICIPAÇÃO

1. Submissão de PAPERS DE INVESTIGAÇÃO

Elementos necessários:
– Um resumo de máx. 3000 caracteres incluindo espaços, tamanho A4 (210mm x 297mm), espaçamento entre linhas um, fonte Arial 11, em PDF.

A primeira linha do cabeçalho deve indicar a qual das três seções temáticas o resumo se refere.

O cabeçalho deve incluir o título, nome do(s) autor(es), qualificação(ões) profissional(is), associação à organização ou instituição representada (se necessário), endereço e endereço de e-mail.

Se o resumo for submetido pelo(s) aluno(s), é necessário indicar o nome da Universidade, o ciclo de estudos e em que ano do curso está matriculado.

– Um currículo de máx. 2000 caracteres incluindo espaços.

2. Submissão de PROJECTOS

Elementos necessários:
– Max n.3 A3 (420mm x 297mm) paginado na horizontal contendo documentação de 1 ou mais projectos (máximo de 3) feitos com técnicas livres, em formato PDF.
– Um texto A4 (210mm x 297mm) de no máximo 1500 caracteres incluindo espaços, entrelinhas um, fonte Arial 11, PDF (para cada projecto) contendo a descrição do projecto e/ou realização.

A primeira linha do cabeçalho deve indicar a qual das três secções temáticas a candidatura se refere.
O cabeçalho deve incluir o nome do(s) autor(es), título profissional, associação à organização ou instituição representada (se necessário), endereço e endereço de e-mail, localidade, ano e cliente.
Se a candidatura for apresentada pelo(s) aluno(s), é necessário indicar o nome da universidade, o ciclo de estudos e o ano do curso em que se encontra inscrito.

– Um Curriculum Vitae de no máximo 2000 caracteres incluindo espaços.
Cada A3 deve indicar o autor e o título do projecto ou realização.
Todos os materiais necessários devem estar em italiano e/ou inglês.
Os materiais devem ser enviados por e-mail para: [email protected]
Os participantes seleccionados para falar na conferência serão reembolsados pelas despesas de viagem e hospedagem durante a conferência.

SUBMISSÃO
Após a notificação de aceitação, os autores seleccionados serão informados sobre como enviar seu trabalho para apresentação na conferência.

CALENDARIZAÇÃO

• prazo para submissão de candidaturas: 31 de Janeiro de 2023
• comunicação de aceitação: 28 de Fevereiro de 2023

Os requisitos para as contribuições seleccionadas para serem apresentadas no Congresso serão comunicados posteriormente.

MAIS INFORMAÇÃO
E-mail: [email protected]
Para mais informações, visite o site da AIAPP: www.aiapp.net