Aprendendo com a paisagem

2015

As Paisagens em que vivemos são interpretações sociais e culturais da natureza. Representam  o arquivo vivo do desenvolvimento tecnológico e social da humanidade na sua luta para se adaptar às circunstâncias naturais. Como tal, a paisagem resilientei é crucial para o sustento das pessoas, e dará respostas tanto às necessidades socioeconómicas como às  questões ecológicas. Enquanto sociedade, confrontamo-nos com as realidades de mudanças cada vez mais rápidas e o desafio de criar um estilo de vida sustentável, mantendo e melhorando a qualidade de vida de todos os  habitantes.

Os abaixo-assinados, enquanto representantes das 34 Associações Nacionais da Região Europeia da Federação Internacional dos Arquitectos Paisagistas, tendo considerado o que podemos aprender com a paisagem na nossa Assembleia Geral em Lisboa, proferimos a seguinte declaração.

Aprendendo com a paisagem

2015

As Paisagens em que vivemos são interpretações sociais e culturais da natureza. Representam  o arquivo vivo do desenvolvimento tecnológico e social da humanidade na sua luta para se adaptar às circunstâncias naturais. Como tal, a paisagem resilientei é crucial para o sustento das pessoas, e dará respostas tanto às necessidades socioeconómicas como às  questões ecológicas. Enquanto sociedade, confrontamo-nos com as realidades de mudanças cada vez mais rápidas e o desafio de criar um estilo de vida sustentável, mantendo e melhorando a qualidade de vida de todos os  habitantes.

Os abaixo-assinados, enquanto representantes das 34 Associações Nacionais da Região Europeia da Federação Internacional dos Arquitectos Paisagistas, tendo considerado o que podemos aprender com a paisagem na nossa Assembleia Geral em Lisboa, proferimos a seguinte declaração.

Acreditamos que

As paisagem são conhecimento,
podem ensinar-nos sobre a natureza e sobre a nossa própria cultura, desde que sejamos capazes de ler-las e entender-las.

As paisagens são memória,
precisamos de dar lugar à mudança constante enquanto trabalhamos com a estratificação histórica e a identidade que fornecem.

Compreendendo que as paisagens são o resultado de mecanismos a longo prazo, de processos intangíveis e físicos, repositórios de conhecimento ancestral, que fizeram o melhor uso da dinâmica natural, equilibrando-a com as exigências específicas das sociedades humanas. Revelando também os resultados de relações desequilibradas, as paisagens podem mostrar-nos bons e maus exemplos sobre relações problemáticas e frutíferas.

Conscientes de que a forma como alteramos a paisagem, e o que lhe acrescentamos, é uma decisão que influencia a vida das gerações futuras. Através da história, paisagens foram alteradas, muitas vulneráveis ou perdidas, quando a relação entre as comunidades humanas e os ecossistemas naturais é interrompida.

Reconhecendo que as paisagens estão agora a enfrentar várias mudanças dinâmicas.  A capacidade de adaptação dos ecossistemas naturais e geridos é incapaz de conciliar ou ajustar de forma a abrandar a perda de biodiversidade. Ao mesmo tempo, estamos a perder paisagens que nos eram familiares. A urbanização constante é uma realidade em torno de muitos dos centros económicos dos nossos países.

Cientes de que, como resultado, muitas paisagens sofreram um processo de deterioração que está a ter um impacto significativo nos meios de subsistência humanos e que muitas comunidades estão a mudar a forma como vivem, trabalham e socializam, possivelmente migrando e abandonando as suas paisagens. Uma vez perdido um equilíbrio de longa duração, é muito difícil, e também dispendioso,  renová-lo, uma vez que criar uma nova qualidade paisagística é uma tarefa difícil.

Instamos

O Conselho da Europa, a União Europeia e todos os Estados-Membros da IFLA Europa a desenvolver, assim, uma visão holística sobre o equilíbrio cultural, social, político, ambiental e económico para além das fronteiras políticas, e, para o efeito, a:

Ter em conta as suas políticas sociais, económicas  e ambientais. Isto significa seguir uma abordagem integrada e holística do planeamento, que desenvolva estratégias para que as paisagens se adaptem às alterações climáticas, aumentem a resiliência dos ecossistemas e fomentem o uso sustentável de todos os nossos recursos naturais e culturais.

Garantir o envolvimento das comunidades locais, potenciando o conhecimento local sobre a paisagem e a forma como a compreendem e a adaptam às suas necessidades. As lições aprendidas com as  paisagens europeias, vão ensinar-nos sustentabilidade e ajudar-nos a criar uma verdadeira qualidade de vida para as gerações vindouras.

Comprometer-se a trabalhar em estreita colaboração com todas as partes interessadas, organizações internacionais, sociedade civil e comunidade científica. Mobilizando o apoio público a nível local, regional, nacional e europeu, podemos  enfrentar os múltiplos desafios na esfera política.

Promover a investigação, o desenvolvimento sustentável e exemplos de boas práticas no planeamento paisagístico, desenho e manutenção. O discurso de como as paisagens podem ser ou devem ser alteradas precisa de abraçar a visão holística da arquitetura paisagística. Podemos promover a  partilha  de  conhecimento sobre a nossa paisagem e podemos ajudar a chegar a decisões sobre como fazer as mudanças necessárias.

Prestar ajuda aos países em vias de desenvolvimento, particularmente vulneráveis aos efeitos adversos das rápidas mudanças.

Observar outros textos internacionais e europeus sobre o assunto, nomeadamente:

  • A Carta Social Europeia (Coe, 1961)

  • A Convenção do Património Mundial (Paris, 1972), cujas Orientações Operacionais expressaram pela primeira vez a noção de Paisagens Culturais

  • Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (CBD, 1992)

  • O Plano de Ação sobre Políticas Culturais para o Desenvolvimento (UNESCO, Estocolmo, 1998), que reconhece a importância da sociedade civil num quadro democrático

  • A Convenção Europeia da Paisagem (Coe, Florença, 2000)

i- A resiliência é: a) a capacidade de uma substância ou objecto voltar à forma; elasticidade. b) a capacidade de recuperar rapidamente das dificuldades; dureza.