No dia 14 de Outubro, a Fátima Bacharel passou pela Concreta, no Porto, para nos falar sobre a paisagem no centro do debate da gestão do território, com uma conferência sob o tema: “Circularidade, um atributo da paisagem”.

Notas da Conferência:

O meio do século XX representou um ponto de ruptura da sustentabilidade, contemporâneo de um pensamento estruturado sobre paisagem e da consciencialização colectiva relativa ao termo sustentabilidade (Relatório Bruntland,1987).

A sustentabilidade dos recursos constituiu-se até então como um limiar de capacidade de sustentação dos modelos agrários de economia, de território e de paisagem com suporte na escala local, por oposição à actual escala global. Esta bipolarização afasta o conceito de “paisagem” de “territórios de economias”, resultantes de dinâmicas unidireccionais de transformação, com necessidades de promover a economia circular porque o funcionamento das actividades humanas está em desequilíbrio.

O desenho da paisagem que garanta o seu equilíbrio como sistema complexo, onde as pessoas vivem e trabalham, permite a conjugação das funcionalidades dos ciclos naturais em estruturas lineares de corredores húmidos, corredores litorais e corredores secos, fundamentais na sua arquitectura e gestão, e na conectividade ecológica.

Apesar de menos maduro que o conceito de património, o conceito de paisagem adquire um novo significado com a tendencial homogeneização cultural que está a fazer emergir uma mentalidade identitária associada às raízes culturais, dando continuidade às competências das comunidades na perpetuação do saber fazer para recuperar alguma ligação entre o passado e o presente e entre o homem e a natureza.

A paisagem é efectivamente a criação do Homem que compreende o atributo circularidade, porque respeita os tempos dos ciclos dos sistemas naturais e a complementaridade de usos e actividades em função do relevo, clima e solo, colocando-a no centro do debate do ordenamento e da gestão do território.

Fátima Bacharel, APAP n.º 155