Desafios Climáticos
2018
Desde a segunda metade do século XX que se assiste a um agravamento das variações climáticas: hoje, as mudanças verificadas na temperatura e na precipitação, a subida do nível das águas do mar e a intensificação de episódios meteorológicos extremos, como secas e incêndios, repercutem-se gravemente na biodiversidade e no estilo de vida das pessoas, não só no nosso continente, como em todo o mundo. Neste cenário de mudança e incerteza em que as variáveis ainda estão em evolução, torna-se imperativo traduzir os Desafios Climáticos numa visão que permita projectar, planear e gerir as nossas paisagens, tendo em conta que estas serão um recurso fundamental para o bem-estar das futuras gerações.
Os abaixo-assinados, enquanto representantes das 34 Associações Nacionais da Região Europeia da Federação Internacional de Arquitetos Paisagistas (IFLA), tendo considerado a Resolução sobre Desafios Climáticos na nossa Assembleia Geral realizada em Londres, Reino Unido 2018, desejamos contribuir para a prevenção e resolução destas preocupantes questões.
Por conseguinte, proferimos a seguinte declaração.
Desafios climáticos
2018
Desde a segunda metade do século XX que se assiste a um agravamento das variações climáticas: hoje, as mudanças verificadas na temperatura e na precipitação, a subida do nível das águas do mar e a intensificação de episódios meteorológicos extremos, como secas e incêndios, repercutem-se gravemente na biodiversidade e no estilo de vida das pessoas, não só no nosso continente, como em todo o mundo. Neste cenário de mudança e incerteza em que as variáveis ainda estão em evolução, torna-se imperativo traduzir os Desafios Climáticos numa visão que permita projectar, planear e gerir as nossas paisagens, tendo em conta que estas serão um recurso fundamental para o bem-estar das futuras gerações.
Os abaixo-assinados, enquanto representantes das 34 Associações Nacionais da Região Europeia da Federação Internacional de Arquitetos Paisagistas (IFLA), tendo considerado a Resolução sobre Desafios Climáticos na nossa Assembleia Geral realizada em Londres, Reino Unido 2018, desejamos contribuir para a prevenção e resolução destas preocupantes questões.
Por conseguinte, proferimos a seguinte declaração.
Acreditamos que
A paisagem é resiliente
procura estabilizar as mudanças a favor da qualidade de vida das populações.
A natureza é distributiva
Gere os seus recursos com sabedoria, de modo a criar sociedades assentes na solidariedade.
Reconhecendo que as alterações climáticas são agora percetíveis em toda a Europa e que terão consequências no ambiente a um ritmo mais acelerado do que as variações climáticas do passado; que transformarão as regiões biogeográficas e, por conseguinte, as condições de manutenção da biodiversidade, acelerando a desertificação e provocando transformações decisivas na forma como as populações habitam e gerem os seus territórios.
Sabendo que os recursos naturais dos quais depende a sobrevivência das sociedades sofrem uma erosão contínua; e que a perda de biodiversidade é o resultado de atividades humanas associadas a uma exploração excessiva: a destruição e fragmentação de habitats naturais, o impacto das espécies exóticas e as extinções em massa representam uma forte ameaça no que respeita à degradação dos ecossistemas.
Conscientes de que a paisagem passou a estar sujeita a uma degradação acumulativa de valores ambientais, o que tem vindo a gerar efeitos colaterais na qualidade de vida das comunidades humanas, a curto e a longo prazo; e de que as alterações climáticas influenciarão o destino do mundo no século XXI e serão um dos maiores desafios das futuras gerações.
Cientes de que as alterações climáticas transcenderam os círculos científicos e são facilmente observadas por todos os cidadãos, são do domínio público, uma vez que se tornaram uma fonte de conservação em toda a Europa. São agora evidentes em todas as dimensões e escala das alterações climáticas, e na fragilidade das nossas paisagens, uma vez que as relações ancestrais que as comunidades humanas mantinham com a natureza foram progressivamente modificadas.
Instamos
O Conselho da Europa, a União Europeia e todos os Estados Membros da IFLA Europa a promover a paisagem nas respetivas decisões e a desenvolver uma visão holística no que se refere ao equilíbrio cultural, social, político, ambiental e económico para além das fronteiras políticas e, para o efeito, a:
Avaliar as manifestações e a escala das alterações climáticas e seus possíveis impactos, por forma a tomar decisões estratégicas que permitam não apenas antecipar crises futuras, como também desenvolver modos de vida favoráveis à preservação e ao desenvolvimento da qualidade de vida das populações afetadas pelas irregularidades climáticas,
Defender a integração de parâmetros ambientais na tomada de decisões, conferindo-lhe importância estratégica, posto que o ritmo de deterioração dos ecossistemas ultrapassa a nossa capacidade de os gerir; e aumentar os esforços dos governos no sentido de conter as alterações climáticas, de modo a que estas passem a ter um caráter prioritário nas agendas políticas,
Promover a promulgação de legislação em prol da proteção e conservação ambiental e paisagística, que inclua instrumentos financeiros e sistemas de gestão para possibilitar uma gestão mais flexível e holística das alterações e da evolução, capaz de dar resposta a novas manifestações climáticas, bem como de reiterar os interesses coletivos,
Mobilizar debates públicos e sensibilizar o público através do conhecimento das questões ambientais, de modo a desencadear uma mudança indispensável na sociedade, a qual terá de manter e gerir paisagens e territórios à luz de conceitos éticos e materiais absolutamente diferentes,
Desenvolver novas formas de vida para as sociedades humanas, inspirando-se nas tradições locais favoráveis a paisagens energeticamente eficientes e à integridade ecológica, tendo em conta que um desenvolvimento sustentável estratégico assente na natureza é capaz de alterar o curso das alterações climáticas,
Reconhecer a importância da dimensão ambiental no projecto e planeamento das nossas paisagens – sejam elas urbanas ou rurais –, exigindo que tanto os profissionais como as administrações integrem os desafios climáticos nos respetivos projetos.
Observar outros textos internacionais e Europeus sobre esta matéria, nomeadamente:
IFLA EUROPE, Assembleia Geral, Londres, Reino Unido, setembro 2018.