Abril 3, 2019

Tudo é Paisagem projecta a história da arquitectura paisagista em Portugal

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Ao longo de um ano, Duarte Natário percorreu locais “icónicos” da arquitectura paisagista portuguesa. Tudo é Paisagem quer mostrar o trabalho dos arquitectos paisagistas em Portugal e estreia-se a 2 de Abril, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

O arquitecto projecta casas, museus e edifícios, mas quem desenha praças, jardins e parques? Através de um documentário, Duarte Natário não só percorre as obras “mais emblemáticas” como tira pó aos arquivos, fotografias e demais memória da arquitectura paisagista portuguesa dos últimos 70 anos. Tudo é Paisagem tem estreia marcada para 2 de Abril, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Em conversa com o P3, Duarte Natário fala de um projecto “absolutamente necessário” em Portugal: “A profissão ainda é desconhecida ou mal compreendida pela maior parte das pessoas”. Com o filme, o arquitecto paisagista de 31 anos espera uma “divulgação mais eficaz e fácil” do trabalho desenvolvido por estes profissionais no cenário das cidades e dos campos portugueses. Por isso mesmo, “não é um documentário feito para o arquitecto paisagista, mas para o público em geral”.

Ao longo de um ano foram realizadas gravações em locais “icónicos”, como o Estádio Nacional do Jamor, a Fundação Calouste Gulbenkian, o Estádio Municipal de Braga ou o Alto Douro Vinhateiro. “Muitas pessoas usufruem da cidade e desses espaços e não sabem, na maior parte das vezes, que foram projectados por arquitectos paisagistas”, verifica. Para contar a história, o realizador também conversou com os autores destas obras e outras figuras do panorama nacional.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_single_image image=”11427″ img_size=”large”][vc_column_text]O Estádio Municipal de Braga, projectado pelo arquitecto Eduardo Souto de Moura, é um dos exemplos da relação entre a arquitectura e a arquitectura paisagista em Portugal, aproveitando uma pedreira inutilizada. PAULO PIMENTA[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]

“Sempre numa perspectiva pessoal”, Duarte quis “revelar um pouco da identidade desses espaços”, de maneira a transmitir as sensações experimentadas através da imagem. Ainda assim, nesta “coexistência” entre o ser humano e o ambiente, considera necessário “separar natureza e arquitectura paisagista”. O Parque da Cidade do Porto é um exemplo que, “no fundo, tenta imitar, provocar essa sensação de se estar num meio natural”.

O documentário mostra que na construção destas paisagens humanizadas existem diversas responsabilidades cívicas e educacionais. A arquitectura paisagista é um reflexo das “preocupações do ser humano moderno”, como as alterações climáticas e outras “questões ambientais e ecológicas que começam a surgir hoje em dia”. Desse modo, as soluções encontradas tentam não só valorizar o património, como “encaminhar as pessoas para um sentido de cidadania e de usufruto do espaço de uma forma sustentável”. “Tem mais influência do que aquilo que as pessoas normalmente pensam.”

Ao longo de 56 minutos, Tudo é Paisagem desdobra-se ainda em fotografias, arquivos e histórias de uma profissão que deu os primeiros passos em Portugal em 1940, muito impulsionada pelo trabalho de Francisco Caldeira Cabral, pioneiro na arquitectura paisagista portuguesa. “Os ensinamentos [de Caldeira Cabral] ficaram-me na memória e são eles que, creio, todos nós temos connosco”, revela.

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_single_image image=”11426″ img_size=”large”][vc_column_text]João Caldeira Cabral, filho do professor Francisco Caldeira Cabral, fundador da Arquitectura Paisagista em Portugal. “TUDO É PAISAGEM”/DR[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]

Formado em Arquitectura Paisagista pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Duarte Natário conta já com várias participações em projectos e concursos internacionais. Em Darmstadt, na Alemanha, teve a oportunidade de colaborar com a TOPOTEK 1 na construção de uma praça pública. Em Berlim, Milão ou Macau, o português sentiu uma “liberdade criativa” e um apoio financeiro ainda “raros” em Portugal. No entanto, acredita, os conhecimentos adquiridos poderão ser uma ajuda para, “aos poucos”, a profissão conquistar um maior reconhecimento em solo nacional.

E esta não é a primeira aventura de Duarte no meio audiovisual. O arquitecto paisagista também já havia pegado na câmara de filmar para a realização de uma curta-metragem: Douro Stories: A Day at the Harvest acompanha as peripécias de um dia nas vindimas, nas encostas do Douro. Foi considerada a “Melhor Curta-Metragem Nacional” na primeira edição do Festival de Vinhos e Sabores do Turismo de Portugal, em 2015.

Tudo é Paisagem teve o apoio da Associação Portuguesa de Arquitectos Paisagistas e tem estreia marcada para as 18 horas de 2 de Abril, no Auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. A entrada é gratuita, mas apenas mediante inscrição. No Porto, a projecção do documentário ao público está agendada para 16 de Maio, na Fundação Serralves.

 

[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]In www.publico.pt[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]